segunda-feira, 25 de maio de 2009

Medo do Desconhecido

"Então isso era felicidade. E por assim dizer sem motivo. De início se sentiu vazia. Depois os olhos ficaram úmidos: era felicidade, mas como sou mortal, como o amor pelo mundo me transcende. O amor pela vida mortal a assassinava docemente, aos poucos. E o que é que eu faço? Que faço da felicidade? Que faço dessa paz estranha e aguda, que já está começando a me doer como uma angústia, como um grande silêncio? A quem dou minha felicidade, que já está começando a me rasgar um pouco e me assusta? Não, não quero ser feliz. Prefiro a mediocridade. Ah, milhares de pessoas não têm coragem de pelo menos prolongar-se um pouco mais nessa coisa desconhecida que é sentir-se feliz, e preferem a mediocridade."

Clarice Lispector




— É difícil dar início a alguma coisa. Mas vou tentar começar desse lado e desse jeito. Escolhi esse nome para o blog - Felicidade Clandestina - porque sempre achei interessante, sem falar que é um adjetivo perfeito para usar quando se fala de felicidade: está onde menos se espera, escondida, talvez até perto de você, esperando ser colhida e aceita, e porque também foi um dos primeiros livros que li da Clarice. É claro que falar de felicidade é falar também em tempo. Felicidade é temporária, e não é um modo de vida, é apenas um estado. Como diz uma pessoa que admiro muito: "Felicidade são fragmentos". Eu poderia ficar divagando sobre a felicidade, mas ia ser chato demais. Vou parar aqui, porque hoje é tão segunda-feira.





Um comentário:

É para você que escrevo, é para você.