domingo, 5 de setembro de 2010

21 de fevereiro

Ana C.

Não quero mais a fúria da verdade. Entro na sapataria popular. Chove por detrás. Gatos amarelos circundando no fundo. Abomino Baudelaire querido, mas procuro na vitrina um modelo brutal. Fica boazinha, dor; sábia como deve ser, não tão generosa, não. Recebe o afeto que se encerra no meu peito. Me calço decidida onde os gatos fazem que me amam, juvenis, reais. Antes eu era 36, gata borralheira, pé ante pé, pequeno polegar, pagar na caixa, receber na frente. Minha dor. Me dá a mão. Vem por aqui, longe deles. Escuta, querida, escuta. A marcha desta noite. Se debruça
sobre os anos neste pulso. Belo belo. Tenho tudo o que fere. As alemãs marchando
que nem homem. As cenas mais belas do romance o autor não soube comentar. Não me deixa agora, fera.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

É para você que escrevo, é para você.